Mulheres no campo: uma evolução para o agronegócio

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Mulheres no campo: uma evolução para o agronegócio

Mulheres no campo: uma evolução para o agronegócio

21 agosto de 2019

O agronegócio não para de crescer e parte dessa evolução é resultado da participação das mulheres no setor. A história de que o trabalho no agro é árduo e cansativo, por isso necessita de pessoas que aguentem o "fardo", já faz parte do passado. Essa visão equivocada aos poucos dá espaço à dedicação e ao profissionalismo da mulher, que já é uma realidade no campo.


Dados do Censo Agropecuário 2017, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que das mais de 15 milhões de pessoas que atuam no campo, 19% são mulheres. Na mesma pesquisa, de cada 10 chefes de fazenda, pelo menos dois cargos têm no comando o público feminino.


A produtora rural Cássia P. M. Gorzynski, da Chácara Tamareira, em Val- paraíso (GO), tem participação importante neste cenário de empoderamento feminino no agro. Ela começou cedo, ainda criança.


"Meus pais tiveram chácara e cultivavam algumas verduras e legumes para vender. Todos os finais de semana estávamos lá, minhas irmã e eu, para ajudarmos no cultivo", conta. "Depois de um tempo, com a necessidade de trabalhar, minha irmã e meu cunhado compraram uma estufa para cultivar hortaliças hidropônicas e me convidaram para cuidar da produção e residir na zona rural. Assim, fui morar na chácara da minha mãe com as minhas duas filhas, onde pude cuidar delas num ambiente saudável e mais seguro". 


A exemplo de Cássia, para muitas mulheres a oportunidade no agronegócio vem de berço, com a família. É o que revela também o Censo Agropecuário, cujos dados mostram que 73% dos trabalhadores (10.958.787) no campo possuem algum parentesco com o produtor. Desse total, as mulheres correspondem a 34%.


Foi também dessa forma que Angelita de Fátima Gachet Zambon, proprietária da Chácara São Gabriel, em Limeira (SP), iniciou sua trajetória pessoal e profissional no agro.


"Minha relação com o campo vem desde a infância, no local onde nasci e moro até hoje. A família trabalhava com mudas e pomar de citrus, além de lavoura de arroz, feijão e milho. Porém, em 2000, foi proibida a produção de mudas de citrus em áreas abertas. Com uma propriedade pequena, para conseguir uma boa renda, surgiu a ideia de montarmos uma estufa para a produção de mudas e hortaliças. Iniciamos e é onde estamos até hoje", lembra.



Paixão cultivada


Nesse longo período de dedicação ao agro- negócio, um "produto" vem sendo cada vez mais cultivado pela mulher: a paixão pelo campo. Pelo menos esse é o sentimento da agricultora Taís Gomes Mattos, proprietária do Sítio Vista Alegre, em Sumidouro (RJ).


"Ver meus pais conquistando tudo com o trabalho na agricultura, plantando e colhendo com carinho, é muito gratificante. Só tenho a agradecer a Deus pela oportunidade de atuar na zona rural, onde podemos servir as pessoas de todo o País com produtos de excelente qualidade", salienta Taís, que cultiva coentro, salsa, brócolis americano, couve mineira e cebolinha.


Produtora de mudas e hortaliças, Angelita diz se sentir realizada atuando no campo. "A minha maior motivação é o sentimento de amor que tenho pela agricultura, pois é uma cultura que passa de geração em geração. É muito gratificante", salienta. 



O desafio de plantar, colher e evoluir


A vida no campo para as mulheres ainda tem desafios que vão além de plantar, colher e vender os alimentos. Elas ainda precisam romper obstáculos para que a sua presença em terras produtivas sejam mais efetivas e o seu trabalho valorizado. "Vejo ainda com desigualdade a atuação da mulher no agronegócio. Infelizmente o nosso trabalho na agricultura é visto apenas como serviço de ‘ajudante’", lamenta Cássia.


"A participação da mulher ainda é pequena, mas principalmente na agricultura familiar é o trabalho dela que faz as ‘engrenagens rodarem’ e o negócio funcionar", complementa.   Para Angelita, a dupla jornada é o maior desafio para as mulheres do agro. "Após um dia exaustivo, chegar em casa e ainda ter que cozinhar, lavar e passar roupa é muito cansativo", diz. "Mesmo assim, apesar desses fatores, cresceu muito o número de mulheres na agricultura, que atualmente buscam sustento junto com a família. Outras, sozinhas, conseguem lidar com os compromissos de casa e do campo", reconhece.


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