Como as cultivares híbridas ajudaram o Brasil a ser o maior produtor de brócolis da América do Sul

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Como as cultivares híbridas ajudaram o Brasil a ser o maior produtor de brócolis da América do Sul

Variedades híbridas permitem produção em regiões e épocas antes inviáveis, aumentando a oferta e a qualidade do produto


Tradicionalmente, o cultivo de brócolis exige temperaturas entre 15°C e 25°C para um desenvolvimento adequado. No entanto, cultivares híbridas, conhecidas também como F1, mais tolerantes a temperaturas moderadas a elevadas, estão permitindo a expansão do cultivo para regiões e épocas do ano antes consideradas inviáveis. Isso alçou o Brasil ao maior produtor da hortaliça na América do Sul, com uma fatia de 48% do mercado e mais de 290 mil toneladas produzidas (ABCSEM). 

Segundo o especialista em Brássicas e Folhosas da Agristar do Brasil, Silvio Nakagawa, essas cultivares oferecem diversas vantagens aos produtores. “Em regiões com temperaturas mais elevadas, é crucial escolher variedades que suportem essas condições para evitar perdas de produtividade e qualidade. Distúrbios fisiológicos, como a presença de folhas nas inflorescências e a abertura precoce dos botões florais, podem comprometer o valor comercial do produto.” 

Ele acrescenta que os híbridos modernos não apenas toleram melhor o calor, mas também apresentam outras características desejáveis, como maior precocidade, vigor e uniformidade no florescimento. “Isso proporciona maior flexibilidade no escalonamento da produção e melhores preços em determinadas épocas do ano, beneficiando tanto produtores quanto consumidores. Além disso, essas cultivares são mais resistentes a doenças comuns, como a podridão-negra das crucíferas e a mancha de alternaria”, comenta Nakagawa. 

Com o mercado de brócolis aquecido e grande potencial de crescimento, a escolha correta da cultivar é fundamental para o sucesso na lavoura. As novas cultivares híbridas oferecem uma excelente relação custo-benefício, aumentando a flexibilidade no cultivo, reduzindo riscos e melhorando a produtividade e a sua qualidade comercial. 

Variedade que atende às necessidades do produtor 

O brócolis Master, variedade híbrida da TSV Sementes já consagrada no mercado, pode ser cultivado tanto no inverno quanto no verão, e possui outros atributos que o tornam uma excelente opção também em áreas que apresentam doenças típicas dessa cultura. 

“Ele apresenta uma cerosidade muito elevada nas folhas, funcionando como uma camada protetora. Isso confere uma tolerância muito maior à Alternaria e Xanthomonas, doenças que acometem essa cultura, principalmente na época das chuvas ou quando há muita umidade no ar. Por ter uma planta mais aberta e uma cabeça arredondada, o escoamento da água em períodos chuvosos é facilitado, evitando o acúmulo de gotas de água em sua superfície”, pontua o especialista. 

Para o consultor da linha Superseed para o Nordeste, Lavoisier Neto, como o plantio de brócolis é indicado para climas mais frios, o trabalho de melhoramento genético foi essencial para produzir uma variedade que se adaptasse às condições tropicais encontradas no Brasil, como calor e chuvas, e o Master atende muito bem essa proposta. Ele cita como exemplo a produção de Rafael da Silva Leitão, da Fazenda Pedra Grande, na região da Serra da Ibiapaba (CE) em que são semeadas, em média, de 100 a 200 mil plantas por semana, sendo 50% desse montante do tipo Master. 

“O Master é uma cultivar que só apresenta qualidades. Já plantamos brócolis há algum tempo e desde que passamos a produzir o Master percebemos que ele confronta as cultivares similares do mercado em relação à sanidade, tamanho de cabeça, formato, peso e resistência a doenças. Ele só tem qualidades e benefícios”, afirma o produtor. 

O consultor da Terra Fértil, Francisco Alves, que presta assistência à Fazenda, comenta que esse brócolis se adaptou muito bem à Serra da Ibiapaba, principalmente no que diz respeito ao manejo, porque é uma cultivar que tem uma alta rusticidade, um sistema radicular bem desenvolvido, e tolerância a doenças recorrentes da região. 

“Essas características atraem o produtor. Em comparação ao nosso principal concorrente, o Master é colhido em torno de três a cinco dias antes. Se colocarmos isso ao longo do ano para quem planta direto, possibilita que ele plante um ciclo a mais. Justamente por isso, é um brócolis que está ganhando bastante espaço no mercado”, acrescenta Alves. 


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