Com seu jeito cuidadoso e acolhedor e seu olhar minimalista, humanizado e estratégico, a mulher desempenha papéis fundamentais para o desenvolvimento e para a evolução de todos os setores da economia. E, tratando-se da mulher do campo, suas funções multifacetadas atuam diretamente em produções inovadoras, tecnológicas e sustentáveis, movimentando, cada vez mais, um cenário igualitário.

Sempre em busca de apoiar essa realidade que vem se construindo e aproveitando o Dia Internacional da Mulher Rural, celebrado em 15 de outubro, a Agristar traz histórias inspiradoras de quatro clientes produtoras, de diferentes regiões do Brasil, que superaram as inúmeras dificuldades e hoje motivam outras mulheres.

De Marilândia do Sul, no Paraná, a produtora de cenoura Priscila Sturzenegger sempre foi apaixonada pela agricultura e, após trabalhar cerca de cinco anos junto ao pai, também produtor, arrendou terras dele e deu início a sua própria caminhada – sendo, inclusive, a primeira mulher da família a tomar a frente dos negócios.

"No início, lidei com alguns desafios simplesmente por ser mulher. O maior deles acredito ter sido a falta de credibilidade que as pessoas me davam. Mas, com o tempo, a aceitação e o respeito foram ganhando espaço, até porque, aqui na região, também tivemos um aumento no número de mulheres na gestão das propriedades".

Por isso, com base na sua trajetória, Priscila deixa um recado para as produtoras e futuras produtoras. "Sempre irão surgir dificuldades, pessoas dizendo para não ir, que não vai dar certo, que não é para você. Mas se o seu coração tem a vontade, se for o seu sonho, não desista, não desanime, não deixe de lutar por ele". 

Em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, o campo também já estava desde cedo no dia a dia e no coração da produtora Luane Silva. Filha de agricultores, ela já acompanhava os pais na lavoura ainda criança e, com o passar dos anos, o amor pela área só aumentou.

"Sempre trabalhei com hortifruti e, atualmente, planto pimentão, feijão de vagem e coentro. Sabemos que não é fácil, pois demanda tempo, além de ser cansativo por conta do esforço físico. Enfrentamos sol e chuva para fazermos a colheita e entregarmos os alimentos ao mercado. Mas, apesar de tudo, tenho um prazer imenso em poder trabalhar na terra, me sinto muito feliz em saber que o fruto que cultivo na lavoura chega à mesa de muitas pessoas".

E para se manter firme diante dos seus propósitos, Luane conta, emocionada, que sua grande motivação é poder trabalhar no que gosta juntamente com seus pais, que sempre a incentivaram. "Minha mãe, em especial, é minha maior inspiração. Ela é uma pessoa extraordinária, que sempre esteve no campo e cuidou dos seus cinco filhos, enfrentando os desafios do dia a dia sendo uma mulher lavradora, esposa, mãe e dona de casa.  Mesmo com todas as dificuldades, nunca nos deixou faltar nada, sempre esteve com um sorriso no rosto e ainda ensinando a sermos honestos, trabalhadores, sem deixar de priorizar os nossos estudos".

Com tanta luta e sentimento em cada capítulo da sua história, a produtora deixa uma mensagem para inspirar outras mulheres. "Não importa a sua profissão, nós somos especiais e temos que nos amar primeiramente e cuidarmos da nossa saúde física e mental, porque somos preciosas, somos joias raras. Somos como uma semente, temos que nos cuidar para podermos colher bons frutos".

A rainha da melancia

Quando o assunto é a conquista feminina dentro da agricultura, o que não faltam são histórias de superação, conquistas e grandes resultados. Mais um exemplo disso está na cidade de Petrolândia, em Pernambuco.

Elisângela Melo, conhecida como a rainha da melancia, produz a cultivar há mais de dez anos e se tornou referência, chegando, inclusive, a receber prêmios pela qualidade dos produtos e por ser a maior produtora da região.

"Estou no meio do campo desde cedo, então, ao longo do tempo, só fui me desenvolvendo e ganhando espaço no mercado. Sendo mulher, posso dizer que uma das poucas coisas que ainda resistem, pelo menos aqui na área onde atuo, é a postura dos homens, sejam eles produtores ou não. Hoje, boa parte já me enxerga com um olhar de admiração e respeito, mas ainda existem alguns com uma visão mais resistente, preconceituosa", explica.

Por sua atuação de destaque, a produtora é sempre convidada para palestras em Petrolândia e cidades vizinhas, falando sobre sua trajetória e, assim, motivando outras mulheres, dentro e fora do segmento. "Com isso, vamos criando uma corrente mesmo, de força e luta feminina, ‘puxando’ umas às outras para novos patamares".

E não para por aí: além de ser reconhecida na área de melancias, Elisângela é admirada pelos cuidados consigo mesma. "Muito dessa admiração que outras mulheres compartilham comigo vem, também, pelo fato de eu me cuidar, tanto na aparência como na saúde, por meio da atividade física. Dessa forma, venho quebrando aquela ideia de que a mulher rural é descuidada". 

Patricinha, não! Apenas rompendo estereótipos e barreiras

E é nessa mesma sintonia que Vanessa Lima, produtora de alho, cebola e abóbora na região de Cristalina (GO), também vem rompendo estereótipos e barreiras quando o assunto é a presença e o autocuidado da mulher do campo.

"Principalmente no começo, precisei lidar com muitas pessoas me diminuindo, dizendo que eu era ‘patricinha’, ‘filinha de papai’, que eu não conseguiria manter os negócios, simplesmente por ser mulher e por me preocupar, sim, em manter uma boa aparência, manter os cuidados comigo. E sinto que o que mais me ajudou a conquistar meu espaço nesse mercado que é tão competitivo, foi justamente manter esse meu princípio, mostrando que ele caminha junto com muito conhecimento, dedicação e competência".

Em busca de fomentar a presença e protagonismo feminino no setor, Vanessa é proprietária e gestora da Nena Alimentos, uma empresa composta majoritariamente por mulheres. Clique aqui para conhecer e acompanhar esse trabalho inspirador.